A vida solitária

Após a formação, uma pausa nas corridas e consumo de filmes europeus e cervejas alemãs, começou o processo de lonelyzação. Altas doses de trabalho para passar o tempo, a dedicação até altas horas para complementar o tempo que outrora era dedicado à faculdade. Junte isso a pilhas e pilhas de livros sobre comportamento, economia, neurociência e tecnologia. Pronto: o passatempo está montado. 

Os melhores amigos só te chamam agora quando vão casar ou quando a chegada do filho está próxima. As opções de companhia são reduzidas, ainda existem, mas são parcas.
Passeios de bike, long ou corridas pela cidade se tornam mais constantes ao passo que você não dispõe de muitas opções de lazer, embora elas existam mas você inconscientemente as nega.
Com o tempo, a pesquisa e estudo passam a se tornar um passatempo mais frequente: não é necessário sair de casa, tampouco ter que se aventurar pelo mundo é ser mal recebido quando você aparece.
E de repente, você começa a se tornar hipocondríaco, achando que tem todas as doenças do mundo. Se você sente o sangue circulando do pescoço até a nuca, começa a imaginar que algo está errado.
Nessas horas eu começo a perceber que tenho que sair de qualquer forma, mesmo que as amizades que combinam que vão sair com você cancelam o almoço de última hora. Neste dia, o que importa é efetivamente não ficar em casa.
A ida a casa dos parentes não são tão agradáveis, não pelos parentes, mas pelo costume de não estar no mesmo lugar de conforto.
Não seguir a norma tem seu preço: não casar cedo, não gostar da música popular, estudar e escolher demais a mulher da sua vida tem dessas.
Aproximar-se das pessoas nos últimos anos tem sido uma tarefa complicada, ainda mais quando não se tem vontade de conhecê-las. Exercitar a difícil tarefa de convívio em sociedade quando se deixa de tê-las por um período é bastante complicado. É como perder peso depois dos 30. Não é impossível, mas requer dedicação e tempo, duas coisas que achamos que nunca temos.
Enfim, voltar a socializar é uma tarefa complicada para quem se acostuma demais a viver a vida por si só. Quem está de fora não tem ideia da dificuldade que é conversar com um estranho ou tentar se enturmar em um grupo novo.
Seguimos tentando 

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