Voltando para casa, eu posso notar, mais do que qualquer outra pessoa, as sensações.
A cada olhar, um abraço apertado, sorrisos…
Gestos delicados de uma mulher a um rapaz, o cuidado com que as moças mexem no cabelo quado conversam com os homens. O olhar do cavalheiro ao oferecer passagem para as damas.
Pequenos gestos…
Hoje, e não só hoje: a muito tempo. Tenho visto estas pequenas demonstrações de afeto e carícias. Desde 2010, quando eu descobri que não fui feito para o amor, passei a sentir muito mais as sensações que o amor causa na gente. Tenho visto milhares de casais nestes três anos de solidão, e suas graduações de ternura e afeto.
Lábios próximos, toques. Mãos no pescoço, olhos fechados. Um simples toque no corpo do outro, como se uma pessoa pedisse a outra um pouco de proteção. São sinais que eu não recebo mais, mas posso ver em todos aqueles que tem um cúmplice no crime de amar.
De fato, a ausência aguça os sentidos. Assim posso dizer que sinto muito mais o amor agora do que quando estava acompanhado.